Rafting na Alma

Interiorizado o conflito

Definido o paradeiro

Respiro aliviado e aflito

O ar mais que certeiro

Acerto e Desperto e Corro e Divirto

Volto àquela paisagem

Que já me é familiar

Mas volto sem a bagagem

Que me aconselharam levar

Penso e Temo e Procuro e Compenso

A cada ano que passa

A cabeça confunde mais

A maturidade se embaça

O coração carece de paz

E mais e faz e troca e roda

É dúvida e destino

É segredo e prazer

Certeza e desatino

Do certo a se fazer

Pergunto e olho e penso e choro

Um dia volto ao eixo

Nesse dia tomo jeito

Por enquanto apenas deixo

Falar o que vai no peito

E o barco segue em frente

Na corredeira do rio

É levado pela corrente

Escapando por um fio

Me espera a boa margem?

Ou águas que afundam destinos?

Me carregam as correntes da coragem

Ou as regras dos meus descaminhos?

Água... três vezes água.

Será a terra a me tirar a mágoa,

Ou será ela a matéria da lágrima?

É a corredeira quem sabe.