Dias de luta

Ao meu lado, minhas botas descansam

Meus pés a sentir o frio do chão

Pela janela, vejo os anos que avançam

Em cada vez mais rápida sucessão.

A semana passou, eu não vi

Chateado, inadequado, dormente

Já a vida passando, eu senti

Pra culpar, só o maldito inconsciente.

Ouço cair uma chuva gentil lá fora

Mais agradável que esses meus dias

Sinto tanta saudade de sentir a demora

Das tardes quentes, das manhãs frias...

Mas a vida está aí, ela é feia, ela é dura

É boa de porrada, bate muito, muito bem

Espera pra te atacar numa esquina escura,

E depois de caído, te olhar com desdém.

Eis, que a semana molhada vai passando

Me retornam as forças, a dor diminui

A velha vontade de viver vai brotando

Já vou sendo outro, não mais quem fui

E o renascer dessas cinzas rotineiras

É a tônica de todo meu cotidiano

Como água a pingar de muitas torneiras

Ou as marés, com que conto meus anos.