O Novo Velho

Conheci o velho,

Que de novo nada tinha.

De velho, tudo trazia.

Era só azia,

Despeito e rabugice.

De novo, só a imaturidade que tinha.

Quanto mais velho ia,

Na carreira dessa vida

Mais intolerância

E preconceito produzia

Achava o jovem ignorante,

Sem-estudo e mimado

Por não ser beligerante

E não ter com ele concordado.

Conheci o velho,

Em vaidoso leito de morte

Fugia à roda do tempo,

Mas não à marcha da sorte

Saudoso de sua razão

Perdida em tantos mil réis

Enfiados em seu colchão

Sem valor em seus papéis.

Quanto mais velho, e sabia

Mais alto gemia e gritava

Como que à vida se aferrava

E conforto não se havia,

Era o agarro ao passado

A velhas paixões e apegos

A um tudo que estava errado

E ao seu fim, sem sossego.