Ira
Feroz leoa;
Rainha poderosa
Sem coroa;
Mulher folgosa
Não anda à toa,
Sempre cuidadosa
Na arte de lutar,
Se um percalço a atordoa
A ergue uma raiva salutar...
Hei-la de novo matreira,
Criando nova estratégia:
Eles que deitem lenha na fogueira,
Que vivam sua própria tragédia!
Eu cá,
Eles lá;
A poesia num vaivém:
Palavras aqui e acolá,
Um escrever sincero
Para essa massa
De povo austero
Que não quer que eu vá
Além daquela gaveta,
Dia após dia ela passa
Incorrida na sarjeta!
Nego a esses senhores
A autoridade de me fazer parar!
Escrevo rimas,
Canto versos,
Versando os sabores
E dissabores;
Desenho universos
Com seus próprios construtores...
Que me destruam!
Que me insultem!
Que tentem, mas que não abusem!
Sendo cegos
Que apenas escutem:
Não escrevo para seus egos!