Lamentos e Louvores
Por mais difícil que a vida pareça
Tudo tem uma razão de ser na Existência
Mesmo que dores e revoltas nos levem à demência
As teias de Deus não há quem desteça.
Lamentemos o pai que o filho deixa à sorte
Abandonando também aquela que o presenteou
Escolheu outro caminho, por outras mãos outro norte
E não é digno da dádiva que Deus lhe reservou.
Lamentemos a mãe que seu fruto renega
Recusando de todas a mais Divina missão
Muitas vezes sem o mínio pudor no coração
Outras tantas, vencida pelas lágrimas, à dor se entrega.
Lamentemos os filhos que a seus pais ultrajam
Julgando-se senhores absolutos da verdade
A tola e arrogante rebeldia sem causa impede que reajam
Contra forças que os levam sem rumo à infelicidade.
Louvemos, porém, todos os genitores e rebentos
Que se unem sem medo no mais puro dos amores
E sabem o valor de sorrisos e abraços nas horas de dores
E não apenas quando sopram amenos os ventos.
Lamentemos o país cuja juventude sai às ruas
Em tórrida marcha e procissão a favor da maconha
Mas que pouco ou mesmo nada se envergonha
Das injustas diferenças sociais cada vez mais nuas.
Lamentemos o povo hipócrita e fantoche
Que defende a paz, mas a guerra incentiva
E muitas vezes não percebe que o deboche
É condutor de uma desenfreada locomotiva.
Louvemos, no entanto, todos os que têm a atitude
De se desvencilhar das aparências e suas amarras
Pois sabem que não são apenas de alegrias as farras
E que a vida é mais que infância, velhice e juventude.
Embora haja tanto mais a lamentar e a louvar
Deixemos pesar a consciência a quem à responsabilidade
Foge para o plantio não ter de compartilhar
Pois a colheita será feita independente da vontade.
Cícero – 12-02-2013