MEU FEIJÃO COM ARROZ E FARINHA

Meu feijão com arroz e farinha

Escrevo Poesia como me alimento

Feijão ou arroz ou com feijão e farinha

Uso a mão esquerda auxiliada pela direita

Numa união de plena solidariedade

As duas matam a fome:

De alçar vôo minh’alma;

Fisiológica d’uma orgânica meio morta

Em ser eterna benévola minha mente

De materializar em consoantes e vogais

[minhas idéias “psico-visionárias”

Sem necessitar fazer falsa cultura de talheres plúmbeos

Faço Poesia como quem faz castelo d’areia

Jamais preocupado com a ventania

Pois a ventania habita o interior

De quem procura levar ventania para próximos de si

É a cadeia do que vai... retorna

Portanto, minha Poesia não precisa ser de alvenaria

Arquitetada ou assinada por qualquer engenharia

Para agradar a gregos ou troianos

Mesmo porque, meu interior consiste de calmaria...

Quem vive em alicerce, o mundo jamais fotografará

[como um Condor

Construo Poesia como me construiu Mainha

[em seu útero:

Com proteínas simples de seu próprio corpo

Dentro das cantigas de Mainha alimentei-me de mundo

Simplório, Bucólico, Pacífico, recheado d’Amor

Logo, minha Poesia não é equação financeira...

É livre como o vento, que alivia a dor

Bela e cristalina como meu nu...

Simples como a matemática de Mainha:

Impar, par, primos, dividendo múltiplo comum

Marcello ShytaraLira

Sampa 10/08/2005