Doce porre

O tempo passa

A hora voa

A vida perde a graça

O amor perde a coroa.

O sonho ilude

O coração acostuma

O sofrimento é grude

Envolvido em espessa bruma.

A angústia é fera

A hipocrisia é rainha

E a última quimera

É a incerteza minha.

A boca escarrada

E a mão que apedrejou

Foi também afagada

Com palavras doces pela boca que beijou.

Enfim nessa vida

Toda de duplicidade

Abriu-se uma ferida

Provocada pela felicidade.

A dor também morre

E tudo está na inércia absoluta

Viver é um doce porre

E por fim encerra-se a luta.

Cícero – 24-10-94

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 03/10/2013
Código do texto: T4509205
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