Lázaro

Ante o choro, escutou-se um grito!

- Senhor, Lázaro está morto.

Tu tens o poder sobre a vida e a morte,

aplaca o nosso sofrimento.

Estava ventando muito, e a força do vento,

balançavam os cabelos soltos e longos de Jesus.

Com sua voz firme, disse:

- Retira a pedra que fecha o seu tumulo.

Quando foi retirada a pedra pesada,

Um cheiro fétido de carne podre envolveu o ar.

Jesus, sereno, ante a multidão emocionada

Disse com a autoridade de um Avatar:

- Lázaro, levanta e retornas a vida!

O corpo morto a quatros dias se moveu,

fecharam-se as feridas,

e Lázaro levantou-se e reviveu.

A multidão impressionada.

Gritava: É o filho de Deus!

E se ajoelhavam,

Um homem morto retornava aos seus!

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Dois mil e quinze anos após,

Na pátria do evangelho, existe medo,

No Brasil de todos nós,

Lázaro José,

Recebe a última parcela do seguro desemprego.

Sai do banco com um mísero dinheiro que não dar para nada,

E com os ombros arriados, vencido pela desilusão,

Toma um ônibus, os marejam, começa a chorar.

Está morto, não enxerga solução.

Escuta a voz do governante, saída do rádio do cobrador:

- Trabalhador, o país está ajustado.

O trabalhador balança a cabeça e com muita dor,

pensa nos filhos e na mulher, triste e assustado.

Ele ora e pede a Jesus que retire a pedra do seu tumulo.

Silencia na esperança de ouvir a sua voz.

Nada se escuta.

Hoje, Lázaro continua morto.

Não há milagres.