Nem Shakespeare

Ao destino dou aceno,

e aceito o meu julgado,

meu direito e meu legado.

Meu sorriso de sarcasmo...

E este olhar obsceno,

é o momento mais oportuno,

onde assumo em um minuto,

meu poema mal traçado,

sem tangente e sem co-seno.

E fugindo à Geometria,

em meio a tanto embaraço,

sem Picasso e sem Palhaço,

sem precisão de compasso,

no viver sem maestria,

na catarse e no cansaço.

No pescoço, a forca é o laço.

Passageira sou, passo a passo,

de um trem de aço e agonia.

Da vida, sem ironia,

nada quero, se me calo,

nada quero, se me abalo,

na certeza do que falo,

que me fira a ideologia...

Se me apertam no gargalo,

se me podam, baixo, o talo,

se pisam forte, meu calo,

dou meu grito de alforria...

Não aceito a idolatria,

nem sei curvar ao Poder.

Não sei frear meu dizer,

nem temo a quem me ofender.

No medo, não há calmaria...

Assumo qualquer mal-dizer,

que venha intrigas tecer,

a este meu : Ser e só Ser,

que nem Shakespeare, explicaria...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 09/10/2005
Código do texto: T58243