Plataforma

Finda a noite,

meu caleidoscópio ambíguo.

Nada me parece, a face do sorriso.

Tudo aonde me escondo,

é natureza morta, é folha torta,

pinceladas e rabiscos,

numa confusão de letras,

numa profusão de cores,

grafitando dores.

E meu grito de horrores,

vem romper o dia, causando revoada,

frêmito e agonia, de asas debatendo,

assombrando o vento.

Paginando o calendário,

curvo-me, sou serviçal do tempo...

E tudo é conflito, só restam vãs palavras,

em lábios nascituros, que jazem na alvorada.

Nada faz sentido, se o Ego é Homicida.

Apossa o tal destino:

Abortando o riso, apunhalando a Crença.

Silenciando o Mito...

Porca Dinastia! Hipocrisia!

Força!

Ideologia?

Temo então, esta alforria presa ao meu olhar,

que resta-me, quando contemplo o sol...

Rondam mais fantasmas...

Presa à plataforma, vejo o trem aproximando-se.

Temo o passo.

Prendo a respiração!

Fecho os olhos...

Presa à plataforma, trem vai, trem vem...

Tantos passageiros, todos mensageiros,

de credos e verdades?

Todos prisioneiros, da final Viagem...

Todos peregrinos, máscaras e véus...

Procurando estrelas, repartindo o céu...

Em Preconceitos e Guerras.

Ódio e Violência.

Poder e Opressão.

Miséria...

Vaidade...

Lástima...

Querem repartir Um Deus...

Um só Deus!

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58271