"A tarde é a velhice do dia. Cada dia é uma pequena vida, e cada pôr do Sol uma pequena morte." Arthur Schopenhauer

Um ocaso por acaso

Cada nova manhã, um novo dia
consome a carne crua do vivente.
Como a maçã na boca da serpente,
ou um verso a rogar por poesia.

Como um traço de luz do sol poente,
ou uma nota a mais na melodia.
Como um mar represado na baía,
ou as dores futuras no presente.

Cada nova manhã, um novo sol
mostra um peixe fisgado no anzol,
ou a decepção dum pescador.

É que a vida renasce, enquanto morre,
como alguém que dormiu, inda de porre,
e acordou bem depois do sol se pôr.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 21/07/2017
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