Lisboa acordou toda encharcada!...
Meteu água até ao topo das colinas,
E o primeiro Electrico da madrugada,
Começou a circular por entre sofás e cortinas!
Um cagalhão a florir na sacada,
Um barquito que teima em passar.
Um Edil que não recebe quase nada,
E por isso não pode ir trabalhar!
Cheira bem ... cheira a podre e a maresia!
Uma cadeira a navegar na enxurrada,
A fragata tá à espera da luz do dia,
Faz sinal para esquerda mal formada!
E a Fadista canta tudo ao desaforo.
Lisboa tem cheiro tem grito e tem choro
Lisboa tem cheiro de gente a cantar em coro,
Como é que eu vou pra casa onde eu moro!?
O Marquês tem cheiro de mar e fantazia,
A Liberdade leva tudo por diante,
Tanta água, tanta água por ali corria.
Cheira bem! cheira a podre!... e a esgoto flutuante,
Lisboa tem cheiro de politica farsante!
Cheira bem! cheira a podre e a maresia!...
Lisboa tem cheiro deste POVO em agonia.
(in: POESIAS SOLTAS)
De: Silvino Potêncio – Out/2014