## NA PORTA DA VIDA ##

Fez morada debaixo do guarda-chuvas,

ficaria ali por horas no silêncio de si mesmo.

Alma se aquece em qualquer lugar,

sendo mistério a mistura desta quentura.

Por enquanto estava imune.

Observador das pessoas, detalhes da vida.

E quão vazias pareciam no vai e vem.

Pasto, chiqueiro, galinheiro, tudo igual.

Por qual das respostas clamava naquele dia?

O cheiro d'uma fornada próxima invadia suas narinas.

Um taxista parou, aleatoriamente, num achismo mecânico.

Dispensou com preguiçoso aceno.

Difícil aquietar-se no mundo,

mesmo em peregrinação solitária.

A vida em si solitária, enorme cela.

Tempos árduos de apreensão.

No fétido canal o mundo se esvai...

Coração cravado no peito em dor de leito.

Romantismo a rondar vida tão seca.

Bate o murmúrio das horas. E agora?

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 15/06/2018
Reeditado em 15/06/2018
Código do texto: T6365084
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