Janelas... de gente
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Esta janela a que pertenço
dá para uma outra
mais longínqua
e alheia.
Aquela janela ali
essa que dá para uma praça
a que toda a gente pertence
até eu de certo.
Estas janelas
mostram luzes nocturnas,
mornas e soturnas,
de casas de gente!
Janelas abertas
que se cumprem já
no que desvendam
e revelam!
Mas muito mais até:
estas janelas
conseguem desenhar
na minha mente
ideias amigas,
presenças próximas
para além da vista.
Verdade! Estas janelas
trazem-me o perfume
dos limos na rocha
e o hálito a peixe
fresquinho, na lota.
E trazem-me
a voz intensa do mar
a percussão das ondas
os coros excitados
das gaivotas.
Ai!, queridas janelas,
molduras mágicas
do que me está fora
do que se vê e não vê
do que se sente
e, sublime, pressente.
Janelas da minha casa
e, enfim, da minha alma.
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__________________LuM
25/3/98