A saudade tem dono
Eu estou tentando pôr em versos uma saudade que grita e esperneia.
Vez em quando a mando calar-se, mas a danada não me obedece.
Diga-me aí, seu moço, como traduzir ou explicar essa palavrinha que acompanha os sem-sorte?
Diga aí, meu santo, o que eu digo para gringo que pergunta:
"O que é saudade?"
Pois é, estou tão perdida quanto onça brava em clube de rico,
Eu só vejo esse povo traduzindo o que não se traduz,
Fazendo de nossas saudades um belo circo.
Fala aí ao meu amado que chego em breve,
Diga a ele para que a saudade não o mate!
Eu chego bem cedinho, com rosas e perfume novo
Quando descobrir quem é esse moço
Que rodeia meus sonhos à noite.
Por enquanto, não o sei, não o vi, não o conheço.
Mas se tu, meu amigo, conheces meu amor, me diga:
Quem é o dono de minha saudade?