Respeita o abismo alheio

Respeita o abismo alheio.

Dentre todos os mares de lágrimas

Por quê justamente o teu

Há de ser o mais cheio?

Respeita o choro do ébrio

E a alegria do vagabundo

Por quê dentre todos os abismos

O teu há de ser o mais profundo?

Dor: pessoal e intransferível

Nossas dores são incomparáveis

Por quê dentre todas as perdas

Só as tuas são irreparáveis?

Levanta a cabeça! Olha adiante!

A luz no fim do túnel; portal para um jardim

Por quê dentre todas as noites

Só a tua não pode ter fim?