Chuva De Madrugada
Minha voz inquieta,
Porém silenciosa como os
Baixos murmúrios da
Noite que vivo em segredo.
Pensamentos como melodias
De uma enigmática composição
Que esconde por trás de si
Estórias cheias de lágrimas
E devaneios para futuras
Complicações à deriva de um excruciante vazio.
Pedaços de mim encaixam-se
Em uma perfeita colagem
De peças partidas,
Mas o formato é dúbio,
Irreconhecível e diferente
Da maneira em que vislumbro o passado.
Entre ruas vazias,
Chuva serena que beija
A superfície de minha
Cálida pele por um
Breve sentimento de realização
Que vicia a alma em
Ciclos espirais de
Altos e baixos sem fim ou propósito.
Sou um pássaro da noite,
Um morcego em ânsia,
Um gato insone,
Ou até mesmo uma estrela
Se assim for meu controle
Sobre a lucidez que me esvai
Como promessas jogadas ao ar.
Do nascimento das dúvidas
Até seu fim na chegada da aurora,
Agradeço sem os certos motivos
Por ser parte de mais uma
De suas indecifráveis parábolas
Com um solene brinde de poesia.