Torneira aos prantos

A pele seca do sol

Tanto cansaço

Idas e vindas do varal

Lençóis pesados-passados

Esquece a torneira aberta

Porque é a única forma de esvaziar o choro

Esfrega o pesado pano

E ali a torneira aos prantos

A te esvaziar

Presentearam- te com uma máquina de lavar

Mas e agora, como iria chorar?

Foi-se para debaixo da amendoeira com o gadanho em mãos

Para varrer do chão o choro das árvores

E todos os dias

Acendia uma vela e rezava

Para que outro vendaval voltasse

Para ela ter por onde chorar

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 10/01/2019
Código do texto: T6547922
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