Correndo a noite

Não era acaso a orla do dia, era tarde

Quase meia noite gritava o relógio

Beijava-me o frio como um açoite

Um disparate, fazia noite quente.

Ficava lá atrás um sorriso consentido

Quase despido de ontem, amanhã...

Queria certamente dizer até mais

Um beijo só imaginado tanto doía.

As salas acesas inspiravam histórias

Eu as via de fora depois das cortinas

Éramos os carros, os ratos, as horas

Viandantes da noite e suas memórias.