Vícios jogados ao telhado
Os vícios que cabem a mim
Só a mim e aos telhados
O telhado do vizinho
Que sentiu, no couro aquecido de sol
As chupetas
Arremessadas
Porque eu já sei
Menina dessa idade não usa mais chupeta
O meu telhado
Que se sentiu desnudo
Ao ser atingido pelo meu olhar sonhador
Nas noites de sexta
Onde tudo é possível
Onde não existe segunda feira
Não existe segunda feira pra segunda série
O telhado do meu vizinho
Que agora reclamava de minha indecência
Sentiu camisas
De força
Ou de Vênus?
Joguei camisas
Pra compensar a falta das minhas
O telhado do meu amigo
Que acordou entalado
De fumaça
Agradecido pelos acordes incansáveis
E pelo salve
O telhado do vizinho
Que hoje sente as bitucas
Aquecerem o que a noite chuvosa de julho tinha esfriado
Vícios, vícios trocados
Vícios que cabem a mim
Vícios que cabem a mim e aos telhados