Desalinho...

Jamais olhei pelas frestas das janelas

Com medo de um raio de sol me cegar

Pois quando o coração cobiça

É realmente difícil com a cabeça pensar...

Seria apenas o ato de escrever?

O deslizar de dedos em um teclado

Ferindo a brancura da página

Hoje mais virtual do que eu queria?

Confesso não saber

E pouco entender

Dessas pequenas armadilhas

Dessas pequenas manifestações...

E continuo assim,

Pensativo, diante de uma esfinge

Decifrá-la é uma questão de tempo

E tempo não existe,

Ou quem sabe é escasso...

Mas preciso dizer

Ou quem sabe apenas escrever

Deixando fluir o rio d’alma

Que canalizo dentro de mim

Muitas vezes, eu parei

Dei as costas para o mundo

Sorri de forma falsa

E pouco confiei no amor

Mas hoje, mais maduro...

Não temo o futuro

E não penso em disfarces

Apenas celebro a doce irracionalidade da vida

Assim, mais uma vez

Escrevo sem o compromisso com a razão

É o meu coração quem fala

E espero não ser silenciado pelo mundo

Espero poder gritar em silêncio

Sem escândalos, sem artimanhas

Pois as maiores verdades são mudas

Não precisam de palavras para existir

E eu, continuo calado

Por um lado, até falo bastante

Por outro, sou silêncio e contemplação

E quase nunca sou razão...

Assim, movido não por uma fé,

Mas por muitas e muitas,

Deixo aqui uma mensagem

Sem alarde, sem condições...

Escrito em uma manhã de sábado, tomei ar apenas uma vez e fui...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 20/10/2019
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