Do inferno pra fora
Sou eu este tal verde
O riacho cristalino
A vida que se conduz no mato.
Sou o canto dos pássaros
E o assobio do vento.
Sou vida exalante nesta imensidão sem fim.
Corro livre rumo ao nada, embalada por meu riso
Sem nada que me prenda, me sinto num doce paraíso.
Mas o que é isto?
De repente tudo em escuridão se fez
Meu mundo tornou-se monocromático
Ocasionando a tempestade que torna fundo meus olhos.
Parte de mim foi posta em chamas
Sufoco neste nevoeiro cor de pichê
Me afogo no alagar que se formou.
E daquela faísca lançada
Meu eu aos poucos foi tomado
Pelo alastrar da dor
Pelo pingar de cada gota de sangue.
Eis que o fogo já cessou
A enchente se desfez
E consigo foi levada
A vida que fluía no interior de meu peito.
Nem diferença mais faz
Se eu for jogada agora numa cova
Até que a decomposição interna, domine minha carne.
Pequenas ardentes faíscas, tornaram em cinzas o que era vida.