A Casa
A CASA
A casa era tão bela,
Havia vida no Jardim,
Havia flores na janela,
Havia brilho e encanto,
E no Jardim, em algum canto,
Uma árvore amarela.
A casa era muito bela,
Aos olhos de quem passava,
Era a casa mais bonita,
E para aqueles que entravam,
As eventuais visitas,
Nada era diferente,
Havia cor e havia vida.
Lá no seu interior,
Tudo era tão perfeito,
A arquitetura um esplendor,
Pra ninguém botar defeito,
Tudo amplo, muita cor,
Batia sol no parapeito.
Silenciosa e estonteante,
Sem nenhuma agitação,
Era uma casa muito grande,
De alegrar o coração,
De quem ali se imaginava,
Passando férias de verão.
O seu dono tão simpático,
Acenava da janela,
Para as crianças lá embaixo,
Com uma fita na lapela,
Saía apenas aos Domingos,
Visitava a capela,
E depois logo voltava,
Para a sua casa bela.
O que ninguém ali sabia,
É que em cima da lareira,
Onde ninguém passava a mão,
Era repleto de poeira.
O que ninguém ali sabia,
É que em baixo da lareira,
No vazio do porão,
Havia muitas ratoeiras.
As cômodas brilhavam,
Mas no fundo das gavetas,
Havia mofo e bagunça,
Assim como nas maletas.
O que ninguém ali sabia,
É que no guarda roupa antigo,
Havia traças e cupins,
Havia aranhas e perigo.
O que ninguém ali sabia,
É que no velho coração,
Do homem que tanto sorria,
Havia dor e solidão.
O que ninguém ali sabia,
É que as aparências sempre mentem,
Sobre o interior das Casas,
Sobre o que as pessoas sentem.
Era uma casa muito bela,
Com o interior mofado,
Era um homem tão simpático,
Mas por dentro bagunçado,
Seu sorriso escondia,
Os seus olhos magoados...
Era uma casa muito bela!
Pedro Silva