BOIS EM MOINHO DE ÓLEO
Nasci e nasço
Passo a passo
E assim nascendo,
Vou morrendo
E morro e nasço
E corro e faço.
Antes e depois
Esquecidos.
Dissoluções.
Disso lições,
Sou um em dois
Entretidos.
Há selos e celas.
Há silos,
Murilos e Marcelas
Na sala...
Oscilo
E vibro,
Sou livro
E grilo.
Um dia nasci,
Continuo nascendo
E renasço,
Passo a passo,
Mas à morte corro,
Que percorro morros.
Legou-se-me matéria,
Lutas fora e internas,
Coração, veias, artéria,
Desde o tempo em cavernas.
Tantas conclusões antecipadas!
Correntes que me atrelam à parede
Da esfera que sempre gira
E não se chega a nada.
Como peixe pego em rede,
Apenas rodo e sou espera.
Feito bois em moinho de óleo,
O mesmo livro sempre desfolho.
Ficar no passado soa seguro...
Uma impossibilidade de futuro...