TEMPO APÓS TEMPO

Tudo era agradável atmosfera,
Sempiterna primavera,
Éden, fulgor,
Imperecível pomar,
Macieira em flor,
Cenário, solidário, encantador.
Tudo era divina essência,
Ausência de treva,
Adão – Eva,
Filme de inocência,
Rosa dos ventos,
Transparência de sentimentos,
Paz.
Era... não é mais,
O tempo endêmico, adâmico,
Jaz.
Hoje o tempo descora,
Apavora,
A pólvora impera,
O medo ancora nossas quimeras,
Impede-nos de florescermos,
De nos pertencermos,
De sermos dinâmicos,
Causa rupturas.
Hoje, eu aqui,
Nesse labirinto,
Propenso à loucura,
Comportamento febril,
Divago... sinto,
Uma estranha saudade,
De um tempo que não vivi,
E que nem sei se existiu.

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 HLuna
CANSAÇO 

Espécie de leniência,
que nos banha, nos apanha,
independe da ciência,
traz-nos lembranças perdidas,
muito embora não vividas.
Floresce e cresce,
atrapalha a caminhada,
que fazemos nesta estrada,
poeirenta, lamacenta,
afinal, quem é que aguenta?
Me isenta, te peço, meu Pai,
já caminhei por demais.