Lavra

Este modo de dizer, palavras.

Este modo de controlar o que

[se sente.

De repente, sinto-me

[incompetente.

Faltam-me palavras. Escrevo

essa necessidade de falar.

Falo essa necessidade e vem,

sensação de falta, a métrica

não se enquadra; poesia fica

torta. Falta-me genialidade.

Minha poesia classificada

sob o signo da falta.

Ainda assim, vontade que

me leiam. Mas preferia não

perdessem tempo comigo.

Um Drummond é merecido,

uma Cecília ou de Andrade.

Eu não. O que faço, feliz

se enquadrado sob égide do

experimentalismo mais bruto,

mais grosseiro.

Não sei porque falo disso.

Não sei porque permito e

me abro tanto assim.

Deixo que me leiam,

com tal sinceridade,

qual romântico, a não controlar

sua própria pieguice e egoísmo.

Mas, de repente, alegria.

É poesia que leio, letras de alegria.

Beleza de novo.

E o cancro cai novamente do olho,

desejo de ser belo.

Venda é rasgada.

Da seda faço um laço,

como estes versos que traço,

como a canção que ouvi.

O ouvido se acostuma.

A razão dá um tempo, permite.

Ela também colabora,

sabe do que necessito.

E até também precisa.

Assim ela se engendra.

E até aqui quer por bedelho.

Que seja, razão, participe.

Deixo-te um lugar.

Conserte os versos que puderes.

Os que não puderes, deixe soltos

[mesmo.

Deixe a emoção seguir a esmo.

Deixe eu desafogar as mágoas.

Deixe a lavra seguir livre.

Não engesse, embora embeleze, o verso.

Deixe a música ditar e inspirar a metáfora.

Não quero métrica agora. Cansa a mente,

suga a razão. Devia ser inconsciente. Devia.

Sim, siga livre. Deixa a fantasia fluir.

Nada de aprisionamentos por aqui.

Por enquanto, não.

Depois aprimoro... Quem sabe...

Depois...