Partida

Estou saindo pela porta entreaberda

Escapulindo, esvaindo como o curso de um rio que apenas segue, vai-se sem olhar pra trás.

Estou despedindo-me, não mais ouvirá minha voz, não mais verá minha face

Não sentirá os tantos versos que criei no afã de tua alma tocar.

Vai-se a noite, chega o dia,

As horas correm em tempo veloz

Já é hora da minha partida.

Desejei em minha alma de menina

Que fosse amor e não mera ilusão

Recolho-me ferida, exaurida

De tantos combates que travei numa luta já perdida.

Deixa-me sossegar, sorver o ar que se ausenta de mim

Minha alma partida, quebrada

Deseja seus cacos juntar assim que pela porta entreaberta eu saia, pra não mais voltar.

Desfaço das algemas, quebro os grilhões

Afugento-me dessa tormenta, de todas as vezes que por dentro chorei, definhando esperando um amor que eu mesma inventei.

Preciso respirar, preciso refazer tudo aquilo que foi destruído

Quando implodindo em silêncio, tentando manter o sorriso, querendo em minhas próprias mãos manter outro mundo que não era o meu...inteiro.

Estou partindo, deixo infinitas recordações, entre divagações

Tatuada na memória, a saudade que restará, nada mais que lembranças, um verso ao vento que em mim foi eterno.