Sendo enquanto posso ser

Sou humano, sou a cova onde morre a justiça dos dias

Sou também a nascente de onde vertem todos os sonhos

Sou viscoso e muitas vezes odioso

Meu sangue tem o cheiro da morte das estrelas

Do último momento de vida dos astros mais brilhantes

Sou a vida desencantada e desmistificada

sou os dias contados dentro dos breves aeons do tempo

Sou o antagonista desse enredo sem sentido

Sou criador da finitude dos dias na eternidade do tempo

Sou desilusão, cria dessa esperança imortal

Sou toda essa tolice, toda essa ousadia

Sou o vento nas pradarias atemporais

sou a tempestade a balançar os oceanos

Sou a tragédia que nunca se acaba

Sou o efêmero de toda felicidade

Sou a intensidade do amor mais destemido

Sou a vivacidade da beleza que se acaba nas pétalas de uma flor

Sou a explosão de todas as cores da primavera

Sou a escuridão no mar da dúvida

Sou as gotas de luz do conhecimento

Sou a música, a poesia que explica a vida, enquanto vivo

Sou o silêncio da incerteza após a morte

Sou esse fim, ainda que pareça nunca ter nascido

Sou tudo isso, ainda que não seja nada

Sou nada, ainda que meu sonho queira tudo

Caminho em silêncio nesse cosmos que não sorri

Caminho tanto, e ainda espero encontrar um espelho no limite de tudo

Espero muito, mas no fim apenas desejo uma lembrança

Quero existir e logo morrer de tanto querer existir

Quero amar tantos, quero ser amado por todos

para logo morrer por um ódio que fingi não estar ali

Sou humano, esse tão pequeno humano

Filho das estrelas, produto da evolução inexorável da química

Sou ser humano, destruidor da simplicidade de ser

De apenas ser

De apenas sorrir.

MetaPoeta
Enviado por MetaPoeta em 13/04/2021
Código do texto: T7231320
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