O que eu sou

O que eu sou?

Escrevo em um papel

São palavras, palavras...

Tudo que por mim passou.

O que eu sou?

Exponho-me a um humilde mundo

De cólera, júbilo, insensatez

Erguendo-me do fundo.

O que eu sou?

Arranco palavras do chão

Me livram do passado

Castigam-me no futuro.

O que eu sou?

Sou o verbo do atroz

Sou à vela de um barco no mar

Sou o canto de uma voz

Sou o medo de quem quer amar.

Sou o sabor amargo do beijo

O cedo que começa no fim

O mais tarde que é o recomeço

O meio do enredo que cantavam pra mim.

Sou juras que são apenas detalhes

Que a cólera me faz lembrar

Preso, num ninho de grades

Solto, no céu que vive a trovejar.

Sou meu querer que mais parece delírio

Farpas de desejo

Gritos no escuro

Moldura do que não vejo.

William Silva.

William Sillva
Enviado por William Sillva em 17/11/2005
Código do texto: T72579