Gota D'água
Eis que a gota escorre, tímida e lenta,
Do canto da alma que já não aguenta.
O peso do mundo, a dor que fascina,
Há de se ter cuidado, pois Deus também procrastina ajuda e nisto, morremos.
As mãos que suplicam, em vão, resistem,
Na prece que grita onde ecos persistem.
Quem dita o destino? Quem desenha o fim?
A gota responde: é sempre assim.
No fio do tempo, o corte é preciso,
A espera da ajuda se faz um juízo.
No entanto, a gota que ao chão se lança
Carrega em si a última esperança.
Pois, ainda que tardia, a mão divina,
Cura a ferida, rompe a neblina.
Mas até que chegue, o pranto é só seu,
E a gota d’água, talvez, já se perdeu.