Forasteira em mim
Sou uma casa sem dona,
Um quarto vazio onde o eco mora.
Minha pele é um casaco apertado,
Minha voz, um som que não decoro.
Meus movimentos são de outra alguém,
Uma estranha que veste meu nome.
Me olho no espelho e não sei quem,
Quem sou eu nesse corpo que consome?
Os dias passam, e eu sigo perdida,
Uma viajante sem mapa, sem abrigo.
Tento me tocar, mas não me sinto,
Tento me encontrar, mas só minto.
Há algo em mim que não pertence,
Uma intrusa que o tempo não dispensa.
E mesmo assim, sou feita de mim,
De partes que rejeito, mas que não têm fim.
Sou forasteira onde deveria ser lar,
Uma andarilha sem onde ficar.
Mas talvez, um dia, eu possa entender,
Que até a estranha merece viver.
Poesia de minha autoria.