A Mentira do Poeta

Dizem que o poeta é um farsante,

que joga palavras ao vento,

que ilude a mente dos tolos,

e os faz crer no que não existe.

Sim, eu confesso! Minto em meus versos!

Crio mundos onde não há chão,

dou cor à dor que nunca senti,

faço do nada uma grande emoção.

Os filósofos gritam: “Mentiroso!

O mundo não és como o pintas!”

Mas que sabem eles da alma dos homens,

se vivem presos às frias verdades?

A verdade? Ah, que fardo terrível!

Que âncora arrasta a carne ao chão!

Melhor mentir, melhor fingir,

melhor vestir de ouro a escuridão.

O poeta engana, o poeta finge,

mas não porque quer, e sim porque deve.

Se a verdade pesa, a mentira alivia,

e o mundo precisa sonhar para viver.

Que importa se o verso inventa tristeza,

se o choro descrito jamais existiu?

Se a dor que escrevo não é minha dor,

mas a de um outro que nunca sentiu?

O poeta é um deus que molda universos,

que sopra ventos e faz tempestades.

Se mente ou não… que importa ao mundo,

se em sua mentira há mais que verdades?

E enquanto o filósofo ergue sua lança,

desmascarando o que é ilusão,

eu sigo cantando, fingindo, sorrindo,

pois sei que a vida… é só criação.

Então, que atirem pedras, que me chamem de falso!

Eu aceito o riso, o escárnio, o rancor.

Mas enquanto a verdade secar os espíritos,

minha mentira os fará sentir dor.

E se sentem dor… então eu venci.

Gabriel Vilar
Enviado por Gabriel Vilar em 18/03/2025
Código do texto: T8288544
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