******* A Canção do Frio.
O vento dança sobre a relva,
Sussurra histórias ao entardecer,
O céu se veste em tons de cinza,
O frio começa a renascer.
As folhas caem, num rodopio,
Como um adeus que se desfaz,
O outono pinta a paisagem nua,
E a névoa cobre os matagais.
As mãos procuram um abrigo,
O chá fumega sobre a mesa,
A lareira acende um lume antigo,
Trazendo à alma a sua beleza.
Os pássaros seguem novos rumos,
Fogem do frio que vem chegando,
Mas há um charme nos dias turvos,
Há um silêncio se aconchegando.
O rio corre, ainda que lento,
Vestido em brumas a serpentear,
O sol tímido, em seu alento,
Deita-se cedo sobre o mar.
E pelas ruas, passos ligeiros,
Sob casacos e sobre a neve,
A vida pulsa em tons primeiros,
Na dança fria que tudo escreve.
Os aquecedores sussurram brando,
Histórias feitas de vapor,
Enquanto a noite, aos poucos, tece
O seu mistério, o seu torpor.
O coração busca um abraço,
Um aconchego, um bem-querer,
Pois no inverno a vida ensina
Que o calor vem do viver.
Então que venha a estação dos ventos,
Das tardes frias, da geada leve,
Pois há beleza em seus momentos,
E há poesia em tudo o que escreve.
E quando abril trouxer seu manto,
E o frio for dono do chão,
Que haja calor nos nossos sonhos,
Que haja luz no coração!
Poeta - Mbra 🇧🇷
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