Páscoa em Mentira
Dizem que é tempo de renascer,
de abrir o peito, de perdoar.
Mas vi sorrisos só pra esconder
o ódio que insiste em morar.
Pregam o amor como quem lê
um script velho, sem emoção,
e ofertam beijos de Judas
com gosto amargo de traição.
Falam de Cristo com voz de ouro,
mas pisam fraco no caminho.
Erguem altares, erguem coro,
mas deixam o irmão sozinho.
Ovos de chocolate escondem
a cruz que ninguém quer lembrar.
Porque é mais doce fingir
que é fácil morrer pra amar.
A ressurreição vira encenação,
fé de vitrine, fé de papel.
Esquecem que a verdadeira Páscoa
não cabe em mentira ou anel.
Que seja, então, minha oração:
que ao menos um amor nasça real.
Mesmo que em meio à encenação,
ressuscite a verdade no final.