****** Canto XXVIII – Mapeando a Via do Brasil
Mapeando a via do Brasil,
Tateando no escuro...
Com a bússola da memória
E um sonho meio impuro.
No compasso das promessas,
Marcham vozes e cicatrizes,
Entre becos sem saída
E miragens de raízes.
Há mapas feitos de ausência,
Cartografias da ilusão,
Onde o norte é indeciso
E o sul clama por pão.
A estrada se ergue em silêncio
Sob o peso do não dito.
Cada passo é um dilema,
Cada acerto, um conflito.
As placas estão borradas
Por discursos e vontades,
Mas o povo, mesmo cansado,
Segue em suas verdades.
Mapeamos com poesia
O que a história não revela.
Escrevemos com suor
A esperança mais singela.
O Brasil que desenhamos
É feito de chão rachado,
Mas também de mãos unidas
Num abraço demorado.
Tateamos no labirinto
De um país que quer nascer,
Mesmo quando a própria terra
Finge não querer crescer.
E se a luz ainda tarda,
Caminhemos com a lanterna
Da justiça que persiste
Na esperança mais eterna.
Pois cada rota encoberta
Pode revelar manhã:
O Brasil que se descobre
É também o que se irmana.