A SÉTIMA MARGEM
Escrever não é ofício. É possessão.
Não se aprende, se sofre.
Não se escolhe, se é escolhida.
Publicar é errar em voz alta.
É descer pelada no coreto da praça,
é pedir colo e levar crítica,
é morrer um pouco — só pra renascer no próximo parágrafo.
A palavra não me obedece.
Ela me trai. Me arrasta.
Mas também me salva.
Quem lê me tem, quem julga, não me alcança.
Quem sente... esse sim,
me devolve inteira.
Eu escrevo pra não apodrecer calada.
Escrevo pra lembrar do que sou feita:
Carne, víscera, ternura e raiva.
Escrevo com a mão,
mas é o coração que erra a ortografia.