SABEDORIA

SABEDORIA

António Castel-Branco

Gastamos o intervalo de tempo

a que vida chamamos

em busca do sentido, procurando

nos hiatos do universo

as nossas razões.

Do sussurro do regato ao estrondo da cascata,

do sorriso de um dia de sol

às lágrimas copiosas da tristeza

mesclada de cinza de um dia molhado.

Do afago carinhoso da brisa estival

à fúria ciclónica da monção,

da vela enfunada que deu novos mundos

à farinha moída que nos dá o pão.

Da chama que brilha zombando das trevas

que a mente invade,

às áreas ardidas pela ambição.

Do cheiro molhado da terra

revolta pelos pés descalços que saboreiam

a doce frescura que nos alimenta,

às dunas de sonhos que te protegem

das áridas mentes que te rodeiam.

Do sentir sentido das emoções

que te dominam,

às ânsias ardentes da esperança

silente que em ti permanece.

De que fizemos, por que fizemos, onde fizemos?,

e nosso mundo se desvanece

em busca do porquê.

E agora que o tempo usaste

para descobrires,

estás mais sábio: sabes a razão de muito!

Sábio é aquele que contempla

sem perceber...

que aproveita sem entender...

que goza nos ténues fios da teia da vida

sem se deter...

que no seu íntimo encontra

o equilíbrio das emoções

e o partilha...

que é um na natureza.

E este, quando esta etapa se escoa,

não desperdiçou o tempo.

Sintra, 27/03/2007

António CastelBranco
Enviado por António CastelBranco em 05/02/2008
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