LEMBRANÇA

Sou homem só, buscando cansado meu caminho, pois sei por onde anda a mulher que vi sonhando, dormia no meu rumo. Então lhe peço num olhar, um afago em meu rosto. Não quero que me adornes como flores que cobre o corpo sem vida, ve-jo em ti a beleza como um raio que explode em noite sem lua, tamanho brilho em chamas que reluz dos teus olhos. Sinto o rastro de um perfume que exala em meio a minha abs-tração, no momento do grito do meu espanto, quando me cur-vo ante a imaginação do teu corpo. Sei do poder que brota na força dos teus gestos, como vento que joga por terra um

castelo de pedras, vejo-te como deusa caçadora a buscar seu intento, corro em passos miúdos para tornar-me teu alvo, certo de estar beirando o lago em que deitas. Dai-me tua presença em meio a minha solidão, ante um suspiro de vida prevendo tua chegada, vem e senta ao meu lado, deixe que nossas lágrimas se misturem, não te faças espinhos pois é rosa, o que minh’alma vê. Vou abdicar do presente que me atormenta e jurar-te um sol na imensidão do meu amor e falar da solidão como lembrança do passado.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 28/12/2004
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