Epifania
O quão lúcido e sensato me desperto desta inércia
que despretensiosamente me impede de saltar?
Um salto sem espetáculo porém sem medo
Um salto perpendicular, tolo e sem sorte...
Num penúltimo fôlego, eu reluto, e luto!
Pudera (quisera) eu ter dado um passo para trás?
Daí em diante só contradigo a retórica da paixão
Parafraseando cada novo pecado com música...
Mas quanta sagacidade há neste ato egoísta
que demasiado me instiga a tentar?
Logo agora que pude discernir com clareza
todo espaço incompleto que há....
E que maldita razão há nessas paredes de vidro
se não refletir nossos desejos mais soturnos?
Já não me basta ter todo o reflexo dos teus olhos
e toda malícia escancarada dos teus lábios?
Apego-me então ao meu último e violento fôlego... E luto...
Mas a queda é iminente e impele de mim uma epifania!
E durante a reticente queda deste frígido mergulho, eu percebo!
Que tudo que eu desejo está bem aqui, ao alcance dos meus olhos...