Epifania

O quão lúcido e sensato me desperto desta inércia

que despretensiosamente me impede de saltar?

Um salto sem espetáculo porém sem medo

Um salto perpendicular, tolo e sem sorte...

Num penúltimo fôlego, eu reluto, e luto!

Pudera (quisera) eu ter dado um passo para trás?

Daí em diante só contradigo a retórica da paixão

Parafraseando cada novo pecado com música...

Mas quanta sagacidade há neste ato egoísta

que demasiado me instiga a tentar?

Logo agora que pude discernir com clareza

todo espaço incompleto que há....

E que maldita razão há nessas paredes de vidro

se não refletir nossos desejos mais soturnos?

Já não me basta ter todo o reflexo dos teus olhos

e toda malícia escancarada dos teus lábios?

Apego-me então ao meu último e violento fôlego... E luto...

Mas a queda é iminente e impele de mim uma epifania!

E durante a reticente queda deste frígido mergulho, eu percebo!

Que tudo que eu desejo está bem aqui, ao alcance dos meus olhos...

Vifrett
Enviado por Vifrett em 14/04/2014
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