INTIMIDADE

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INTIMIDADE

(Por Aglaure Martins)

Eu não vim de um córrego seco

nem do vento que se faz tempestade

venho da água límpida do meio

do útero de amor e bondade.

Eu não sou desse mundo alheio

nem da seca onde o fruto não se colhe

onde o broto antes de nascer morre

e o pássaro a noite vagueia.

Eu não sei das palavras maldosas

nem da boca que ao cuspir incendeia

dessas linhas que o tempo permeia

e embola os fios que se formam.

Já não sei dos ponteiros das horas

das curvas e retas propostas

das cantigas de grilos e sereias

das pancadas que no peito assola.

Vejo rodas de furos vedados

vejo cordas e cordas e cordas...

Vejo puro o delito guardado

e impuro o que o dia me mostra.

Vou no embalo da rima que dobra

e desdobra o que não foi laçado

e lançado ao rio acalora

o presente ausente passado.

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JP08052017

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 08/05/2017
Código do texto: T5993233
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