São 3 Julios
De repente,, assim do nada,,
Surgiu-me um Julio
bastante sumido.
Bem mais leve e agradável,,
melhor que o segundo, noturno,
melhor que o primeiro, soturno.
E, surgiu inteiro,
ao contrário dos outros,
despedaçados,
cada um à sua maneira.
Não surge esse Julio, mais amiúde,
confessa-me ele,
porque os 2 outros Julios
são muito espaçosos.
Contudo, pensa o poeta que os controla.
Que nada!
O poeta é sim
por eles controlado!
Saiba mais o poeta que
O espaço por cada um deles ocupado
na Alma,
não é menor do que o pedaço tomado
da Razão.
Nem é mais pequeno que o espaço extorquido
da Vontade.
Atente ainda o poeta para o fato consumado
de que, se à noite o desejo se exalta,
é só às custas de reduzir a luz de um Julio solar.
E, não se iluda o poeta,
se acorda no dia seguinte ainda ávido
de vida e trabalho,
é só porque já pagou abusivo preço
pela Húbris e pelo Narciso cobrado.
Mas,
voltando com paz e alegria
à vaca fria,
esse Julio III bem que é maneiro,
sorri, não gargalha;
bebe espíritos do ar, não da garrafa;
ama com a alma, não com o corpo;
cria com a luz que lhe afaga,
não com a treva que o arrasa.
Nele, a alegria se espalha,
pois não lhe coloca barreiras.
Dele, a alegria se espalha,
pois não lhe coloca fronteiras.
Brilha sem ofuscar o outro,
porque não deseja tomar-lhe o espaço.
Pena que esse Julio vem pouco!
01/12/2017
(o alter ego do poeta)