Para alguns de nós
  
Eis polêmica questão: somos o que escrevemos?
Receamos, nas letras, revelar algum segredo?
Se o escrever inspira-se no melhor que temos,
Por que negamos e alimentamos certos medos?
 
- Atenção: não me confunda com meus escritos!
É assim que insurgimos, advertindo às pessoas.
Mas, se vier do íntimo o nosso texto mais bonito,
O que oferecer externamente como coisa boa?
 
Da nossa alma ou de um belo pensamento além
Nasce silenciosa escrita, o que temos de mais profundo.
Para declarar amor, lamentar-se ou confortar alguém,
Não buscamos o que existe de melhor no nosso mundo?
 
Outras vezes arriscamos num desabafo sofrido.
A personagem nos substitui em nossa decepção.
É que jamais queremos ser ali reconhecidos,
Pois a obra é apenas mais um enredo de desilusão.
 
 Não! Ninguém tem nada a ver com nossa dor.
É de nosso pleno direito resguardar o sentir.
E nunca estaremos obrigados a nos expor.
Esta, porém, é a única verdade a se admitir.
 
Mas, será mesmo que, nos outros, não nos vemos?
E mais ainda quando opinamos em comportamentos?
Ora, se humildes, não assumimos o que escrevemos,
É porque somos hipócritas em todos os momentos.
Luciano Abreu
Enviado por Luciano Abreu em 23/02/2018
Reeditado em 23/02/2018
Código do texto: T6261826
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