Descendo do Altar

O mundo me criou para ser uma imagem, um modelo, uma santa.

Imagem é vazia de vida, não se mistura, não se conecta.

Mudei-me, me desconstruí, me perdi um pouquinho,

Me recompus, me tornei gente, comum, deixei os erros aparecerem,

Frustrei alguns, perdi o respeito e a confiança deles,

Mas fiz por convicções. Não abro mão delas,

E elas não mudaram, sempre as mesmas.

Não quis ser imagem, porque imagem se sobrepõe,

Vi muita gente boa por aí, comum, boa e com erros,

Iguais a mim.

Não entendia por que eu tinha que me disfarçar.

Decidi ser eu mesma, como os outros, comum.

Descobri que eu comum ajudava e alcançava mais gente que eu santa.

Tomei a decisão correta quando todos e tudo me diziam que estava errada.

Marta Almeida: 21/05/2019