A Obra

Os tons devaneiam-se por todos os lados,

Em cada lado de um prisma infinito,

Com probabilidades absurdas,

Sem voz, não há como dar um grito.

Reflito ao pintar um quadro,

Tinta feita do meu sangue,

Papel feito de tecido humano,

Cada traço me langui.

Aos poucos respingo uma parte de mim,

À obra-prima inacabada,

Hesito em limpar-me de minha pintura,

Tudo começou com aquela ”lágrima desgraçada”.

Se fosse fácil,

Eu diria tudo o que sinto,

Mas escrever é melhor,

Se uso a voz, eu minto.

Como um artista,

Pinto minha obra contínua,

Pois sei que posso morrer,

Mas minha obra será eterna.