Memórias III

Aprendi, que nunca nos esquecemos

Do que ouvimos, do que apreendemos

Do que não vimos, mas assistimos

das palavras, dos gestos e dos olhares

Dos afetos sinceros e dos desafetos

crueis, guardados secretamente na mente

das atulhadas e empoeiradas gavetas

Da memória, desde a mais tenra idade,

e se idade a tivermos.

Foram tantos os ventres que desventramos,

abortados, paridos, já partidos,

putrefactos mas vividos

Até ao fatídico momento do agora

Quando ainda ressoa o silêncio nesta hora

No eco dos pensamentos idos, ora aflorados

como sementes esquecidas no deserto

De outrora e presentes sem hora de partir.

Antonio Noronha 19

antonio noronha
Enviado por antonio noronha em 10/10/2019
Reeditado em 10/10/2019
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