O tempo em mim
Tem dias em que revivo o passado, lembro detalhes da meninice, a sensação é de vivências recentes, de ontem
Mas a menopausa me trás de volta, um calor que encharca meu corpo de suor
É o tempo que abre a cortina das memórias,
Rapidamente me resgata, me pressiona, tem urgência
É o mesmo senhor Tempo que insiste em dobrar minha pele, tornar brancos meus fios,
No meu rosto impressões semelhantes a trabalho de cinzel competente,
Os traços desalinhados que me desafiam expondo os sinais da idade
São os mesmos que apresentam uma quase beleza
Algo entre o declínio e a aceitação do acordo de viver novos e bons anos,
desde que eu me submeta aos efeitos da ampulheta que desatina a correr,
Cordata, esta nova pessoa que se insinua no espelho,
Diz aos quatro cantos: eu aceito!