QUANDO AS FOLHAS CAEM

Na rotina apressada do dia
parece que o tempo acelera,
mas é somente uma enganosa impressão.
Impiedoso e calmo
ele segue na sua cadência,
tranquilo e rítmico,
como se nada importasse.
Ele não carrega agenda,
lembretes, nem pos-it
afixados em portas de geladeiras.
Não há projetos, compromissos,
nem desejos ou angústias
na sua essência.
Quanto a mim,
ando correndo,
acordo mais cedo
e o busco a cada instante,
quase pedindo a sua clemência.
Chego em casa mais tarde
e há ainda tantas coisas por fazer.
Tenho a sensação
que a minha vida
não cabe na sua dimensão.
Haverá sempre um excesso,
um desejo, outros planos
que a mim extrapola.
Durmo pensando
na viagem do próximo verão
e como colocá-la
na realidade desse tempo
que a todo momento
vive a podar-me,
querendo somente
o essencial em mim.