Pandêmico

Aqui quero ficar e ver no céu estrelas reluzentes
Do apto na Zona Oeste do Rio
Jamais sairei na pandemia dolente a surtar

No crepúsculo ou nas horas desertas
Da janela me aproximarei
Para ver a paisagem mesmo infesta

Nada verei além das paredes sólidas
E vidraças empoeiradas
Mulher a exibir-se na telinha
Talvez cumprindo jornadas

Na mesa copos vazios
Beberei o resto de tuas lagrimas
Vagarei entre amigos
Que lutam contra *Casa Grande e Senszala

Não tenho pai nem mãe
Nem a mulher que tanto amei
Calmo chorarei de saudade
Porém de mãos aflitas estarei

O futuro será a esperança
Que se perdeu no anoitecer
Apesar de descontente a vida segue
E eu em tudo pensarei

Andarei entre flores e vagalumes
Miragem serei
Repleto de felicidade
Porque de pandemia não morrerei

O vento do mar vou sentir
À noite que se oferece
Vou indo caminhando...
Em busca dum bem-querer.

Estou preso a ideia do vírus
Da pandemia infernal
De máscara, álcool em gel embriagado
Tempo, tempos anormais,
Desse flagelo um dia me libertarei

*Racismo estrutural
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 05/12/2020
Reeditado em 06/12/2020
Código do texto: T7128486
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