Até quando, meu Deus?

Até quando, meu Deus?

João Rodrigues

Por mais que eu queira

Fechar os meus olhos

Fingir-me de cego

Pra não enxergar

O preto do luto

Que assola o país

A Morte vibrando

De tanto matar

Milhares de túmulos com corpos descendo...

Não dá! Não consigo isto ignorar.

Me finjo de surdo

Pra não escutar

As tristes notícias

Na televisão

O choro profundo

Da gente enlutada

Ferindo os ouvidos

De nossa nação

Por mais que eu tente fingir que não ouço

Ouço com os ouvidos do meu coração.

Tantos filhos órfãos

Ficando sozinhos

Com toda esta perda

Terão que crescer

Sem ter o carinho

Tão doce dos pais

E sem seus conselhos

Terão que aprender

Os duros caprichos que a vida nos traz

Que a gente nem sempre consegue entender.

Quantos lares choram

O triste silêncio

Das vozes alegres

Que a Morte as baniu

A foto na estante

Resgata a saudade

Do ente querido

Que ontem partiu

Esposos, esposas, em sua cama à noite

Preenchem com lágrimas o espaço vazio.

E assim gira a vida

Vestida de luto

Sempre ameaçada

Com o mundo doente

Tantos lares tristes

Chorando suas dores

Num berço, sozinho,

Chora um inocente

O peito dispara morrendo de medo

E as lágrimas banhando o rosto da gente.

Até quando, ó Deus,

Me diga até quando

Vagaremos tristes

No vale de dor?

Me diga até quando

Sofreremos pranto

A perda, o luto

O medo, o terror?

Me responda logo, Meu Deus, até quando?

Dê-me uma resposta! Me faça o favor.

João Rodrigues - Reriutaba - Ceará

João Rodrigues
Enviado por Malu Mourão em 07/04/2021
Código do texto: T7226284
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