DEPOIMENTO

Engarupa-se de rastros o rol dos dias.

Inauguram-se inóspitas veredas

ansioso viver, inclemente caminho.

Construo-me num furor de ideias.

sempre a contínua vontade, insepulta:

instaurar desafios, semear alianças.

Sei do ofício de menestrel do Belo

e choro o social injusto

nos patíbulos da realidade.

Vicejam lavraturas, livramentos

o dia seguinte tece seus cochichos.

Guilhotina-se o ato de pensar.

A imponência de relatar alegrias

rasteja tristonha sobre o sentimento.

O que fica entremeado é canhestro:

sulco eternal suor cinzas.

Pairam à margem dos testemunhos

espúrios conchavos. Crucifixamo-nos.

O manejo dos gumes é implacável.

MONCKS, Joaquim. A MAÇÃ NA CRUZ. Obra inédita, 2021. Revisado.

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